O debate sobre este tema iniciou a partir da adesão de São Tomé e Príncipe ao Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa, que já havia recebido a assinatura de Brasil e Cabo Verde.
O acordo foi proposto em 1990 e necessitava da ratificação de três membros da Comunidade de Países de Língua Portuguesa – o que foi concluído em novembro, com São Tomé. Tão logo as regras sejam incorporadas ao idioma, começa o período de transição, no qual ministérios da educação, associações e academias de Letras, editores e produtores de materiais didáticos recebam as novas regras ortográficas e possam, gradativamente, reimprimir livros e outros materiais.
Com as modificações propostas no acordo, calcula-se que 1,6% do vocabulário de Portugal seja alterado. No Brasil, a mudança será menor: 0,45% das palavras terão escrita diferente da atual. Apesar das mudanças ortográficas, serão conservadas as pronúncias de cada país.
O que vai mudar?
– As paroxítonas terminadas em “o” duplo, por exemplo, não terão mais acento circunflexo. Ao invés de “abençôo”, “enjôo” ou “vôo”, os brasileiro terão que escrever “abençoo”, “enjoo” e “voo”.
– Também não se usará mais o acento circunflexo nas terceiras pessoas do plural do presente do indicativo ou do subjuntivo dos verbos “crer”, “dar”, “ler”, “ver” e seus decorrentes, ficando correta a grafia “creem”, “deem”, “leem” e “veem”.
– O trema desaparece completamente. Estará correto escrever “linguiça”, “sequência”, “frequência” e “quinquênio” ao invés de lingüiça, seqüência, freqüência e qüinqüênio.
– Alfabeto deixa de ter 23 letras para ter 26, com a incorporação de “k”, “w” e “y”.
– O acento deixará de ser usado para diferenciar “pára” (verbo) de “para” (preposição).
– Haverá eliminação do acento agudo nos ditongos abertos “ei” e “oi” de palavras paroxítonas, como “assembléia”, “idéia”, “heróica” e “jibóia”.
– Em Portugal, desaparecem da língua escrita o “c” e o “p” nas palavras onde ele não é pronunciado, como em “acção”, “acto”, “adopção” e “baptismo”.
Gazeta do Sul – 3/avril/2007